Quando nada é acaso de nada
Os versos, mais pura essência
E a essência de tudo é calada
Os gestos ficam na lembrança
E o nada é tudo que eu tenho
Se o vácuo for de fato o vazio
E o não fazer, algo a ser feito
Uma opção é deitar no macio
Ocupar a mente com algo oco
Mesmo que só o aforismo louco
Como o tempo que me invade
Deixar a mente exposta ao ar
A vida inteira livre para vadiar
Sem a memória que me abate
Nada é tudo e tudo é nada
A noite

Não somente pela jovem beleza
Nem pela formosa lua anunciada
Apenas por sutil e ingênua destreza
A noite há de ser bela, admirada
Não só como arte de rude franqueza
Nem pela chuva fria em rua isolada
Apenas por sua inabalável certeza
A noite hoje será breve, iluminada
Não por estrelas de doce esperteza
Mas pela formosa amante extasiada
A noite hoje será cheia, ostentada
Não por lua de esplendorosa realeza
Mas por amar-te na madrugada
Quem ganha, quem perde
Por não te odiar o quanto eu queria odiar
E talvez nem seja ódio o que eu sinto
Seja algo que eu nem queira imaginar
Talvez seja o sentimento de perder
Enquanto vences e levas tudo!
E eu me contento com o que resta
O que sobra do meu eu, desnudo!
Fico com as migalhas do teu amor
Sem mais cartas na manga. Veja!
Blefando, sem mais azes pra jogar
Esperando por um milagre que seja
Mas os juízes decidem, ou os deuses
O malhete bate na mesa, a vida breve
E os dados são lançados, sem piedade
Enquanto vejo-te ao longe... Segue...
Leveza insustentável
Para sintetizar quão leve é a leveza
Insustentável nas horas erradas
Das tuas lembranças, ora tristeza
(lembranças das melodias cantadas)
Somente compreenda, carinho meu
Não me refiro ao amargo da tristeza
Só a percepção: o tempo se perdeu
Esqueceu de cultivar a nossa leveza
(esqueceu do carinho meu e teu)
E ela se foi, voou para bem distante
Buscando outro mágico sentimento
Que pudesse trazer logo ali, adiante
A saudade daquele instintivo momento
(saudade de corpo e mente)
Pois tanto anseio e cargas emocionais
Retratam a essência... A fragilidade
Mas só se caracterizam pessoas reais
Pelo âmago do ser, da sensibilidade
(âmago dos nossos ideais)
Ritmo musical
Nas vísceras rasgadas com o mais fino açoite
Nas acrobacias monumentais
Dos nossos corpos vagando... Nus pela noite
Nas melodias suaves e clichês
Que falam de amor. Oh, sublime indulgência!
Soam tal qual velho filme francês
O mais puro lirismo breve, clamando urgência...
Na voz escravizada dos anjos
A brasa sonora que abriga a delicada sinfonia
São os versos de doces arranjos
Que unem nossos corpos em perfeita harmonia
Enamorada das notas musicais
Ritmo, tempo... Sons e silêncio em perfeita sucessão
O timbre dos sussurros teatrais
Na arte das musas, o profundo suspiro finda a canção
Arte de amar

Tratou de explicar
Aquilo que os poetas
Teimam escrever e ousar
Afinal, quem nunca
Pôs-se a rascunhar
Sobre a tal arte de amar
Química, física, biologia
Até a filosofia quer explanar
E em meio a tantos blá blá blás
Ainda me perco na arte de amar
Ama-se por paixão? Intuição?
Ou ama-se simplesmente
Pela beleza da arte de amar...
Fome
Chora em vão pela madrugada
Que massacra o dia inteiro
E cai a noite em desespero
Deslizes e desfaçatez, talvez
Infelicidade que ronda ligeira
E o povo, sem voz, sem vez
Na barriga, a fome sorrateira
"Disfarça com água e farinha
Embrulha o estômago com ar"
É só o que a mãe pode dizer
A menina faz aquela carinha
"Ar que falta até para respirar"
É só o que pode responder
Ilusão
Tão rápido se foi, assim como veio
Só sei que no peito deixou um vão
No coração, espaço aberto, vazio
Ah, quisera estar tão cega de iludida
Como companheira teria a felicidade
Que traria o sorriso na face perdida
E de nada importar-me-ia a verdade
Se o sonho acalentado tão ferozmente
Seria vivido nas noites mais frias
E nos dias de nuvens entristecidas
Se o sonho acalentado tão alegremente
Deixar-me-ia lembranças de beijos ardentes
De dois corpos sedentos em noites calientes
Máscaras

Ansiando que o amor, assim, de repente, surja
Desça sobre nós como num passe de mágica
Mas a única coisa que cai é a máscara suja
Imagino que não deveria ser tão contraditório o amor
Nem paradoxalmente tão triste a arte de amar
Quando comparada as máscaras que caem da sua face
Tornando falsas até as lágrimas que teimam rolar
Pois quando o vejo, na minha frente, parado
Não há nada para ver além de marcas do passado
E uma máscara antiga, já de outros carnavais
E então me pego a pensar no seu gesto calado
E em tudo que em vão fora um dia pronunciado
Palavras, palavras...desperdiçadas em sonhos irreais
O livro e a moça

Procuro entender tamanha prece
Vejo os móveis da sala, um antiquário
A menina sentada, chorando, se esquece
Que meus olhos observam sem cessar
Quando tuas lágrimas em mim escorrem
Ainda assim insistes em não me notar
Não temas... Menina... As dores morrem
Passo tão perto e ainda assim não me vês
Estou na estante, nos livros que tu lês
No quadro pregado na parede da memória
Tão distante nossos corpos físicos estão
Mas nossas almas se unem na reencarnação
Eu, livro... Tu, moça. Eis a nossa história...
Status (o quê?) quo
Na louca roda
Roda que gira
In (sanidade)
In (capacidade)
de digerir novas idéias
Progredir
Status quo
O quanto
trancafiado estás
em ignorância
Na taberna
dos insolentes
Sonolência
Status quo
Até quando
em busca viverás
(Ou morrerás)
Materializando matéria,
Vermes e
Matéria
Status quo
Onde estarás
Quando (finalmente)
descobrires
Quão hipócrita
E ilusionista
Status quo é
Sem tema, sem rima
Procurar em vão
O labirinto de incertezas
Perambulando as palavras
Que tão certas estariam
Escrever sem rima
Tão sensato não seria
Se errada não estivesse
A áurea decadente
Dos sonhos vãos
Das mentes paralíticas
Escrever sem tema
Existir sem ser
Ou ser sem existir
Lógicas parecem insanas
Quando fácil é perceber
A difícil razão de viver
Escrever sem rima
Girar em torno de si
E no mundo perder-se
Entre letras que se desmancham
Caem no vácuo e se calam...
Reflexão: as mentes que pararam de sonhar são tão insensatas quanto a poetisa que escreve este poema sem tema e sem rima. É preciso ao menos uma razão para viver. Da mesma forma que somos seres gregários, dependemos uns dos outros para sobreviver. E para sobrevivermos em sociedade, precisamos aprender a usar as palavras de forma sensata. É preciso atenção ao dizer palavras que seriam certas se fossem coerentes.
Os poemas que a ti escrevo...

Se entram em minh’alma ... Num fogo
De mansinho, batem a minha porta
Exibem as armas, revelam o jogo
Penetram no âmago do meu ser
Rimam e até fazem acrobacias
Zombam de todo o meu querer
Do existir sem suas mãos macias
Ah, afago que me faz perder o chão
Torna o ocaso a mais pura ilusão
Que me deixa a noite e rouba o dia
Sedenta da voz, enamorada, absorta
Deito-me ao leito, a voz se cala, morta
E clamo por seu amor em meio a poesia!
Saudade
Não se explica
Vem de repente
Pede, suplica
Cobiça o cheiro
O corpo, a alma
Vem a dor primeiro
Depois acalma
Acalenta no frio
Apenas no pensar
Saudade é um rio
Correndo sem cessar
E mesmo esperançoso
Lugar melhor não há
Neste quarto calmoso
E com você sonhar
Os homens da vida de uma mulher...

Veio tão ligeiro
Tão rápido pro mundo voou
Nem rastros deixou
Pedro veio pedreiro
Virou carpinteiro
Era noivo de Maria
Mas casou-se com Joaquina
Carlos dizia ter dinheiro
Mentia, pois era porteiro
Falava que gostava de mim
Mas também saia com Serafim
Fernando foi o primeiro
Parecia ser certeiro
Mas era só tomar cerveja
Que me batia até na igreja
Geraldo era caseiro
Do sofá, sequer tirava o traseiro
Trocava até sexo no chão
Por um canal de televisão
Givaldo era faceiro
Educado como bom mineiro
Comia tão quieto
Que tinha família até no teto
Por fim, o mais passageiro
Foi Jeremias maconheiro
Traficante de renome, machão
Colocou-me num caixão
Inocência vampiresca
Perdida, abandonada
(No vendaval de orgias)
Ainda assim nítida
Quando nos vitrais
Sagrados nas catedrais
És admirada
Inocência
Cobiçada pelo imortal
(Oh, Ser das Trevas!)
Atraído pelo vital
Doce, suculento e caliente
Sagrado sangue inocente
Tão carnal
Confio
No seu mau gosto para escolher o que mais combina comigo
Como se me conhecesse mais do que eu mesma
(e talvez seja isso mesmo)
Confio nas mentiras lançadas ao vento
Com a mais vã das verdades
Exposta no quadro da paixão
Onde ficam os restos mortais do nosso amor
Odeio
Fulminante, me devora
Odeio o quanto a tua saliva é doce
Inexplicavelmente mais saborosa
Odeio o teu perfume
Se fechar bem os olhos, ainda posso senti-lo
Odeio as tuas piadas
Como me fazem rir, até as mais sem graça
Odeio como é imperfeito
E ainda assim tão certo
Odeio como me faz chorar
E ainda assim, te amar!
Queimam
Queimam os gritos que o vento tratou de levar. Os ecos chegaram aos ouvidos daquele que não queria escutar;
Queimam as dores, o ódio, as lamúrias, os questionamentos sem respostas;
Queimam as mentiras, os sonhos, os sentimentos que a voz queria propagar;
Queimam faces cobertas de lama, as máscaras e todas as fantasias;
Queimam as poesias, as prosas, os livros encobertos de poeira na estante do pensar;
Queimam as plantações de sangue, os muros da separação, as sujeiras debaixo dos carpetes das casas...
Mas não queimam aquilo que não se vive sem, mas que ninguém sabe explicar: a tal arte de amar!
Como seria?
E se o destino não nos permitisse?
Estariam na fronteira do amor
As gêmeas das almas
Vagando à procura da metade?
Ou só conheceriam a dor
E no vácuo teriam o amparo
Da triste e nebulosa solidão?
Como seria se as mãos eu não sentisse?
E os beijos eu não pedisse?
Ardor terrível de se imaginar
Lamúrias ecoariam aos quatro ventos
Chamando pela alma perdida
Os pulmões perderiam o ar
Que levaria enchentes de lágrimas
Que levaria, por fim, do coração o palpitar
Destino
O meu destino
E ninguém será capaz
De assumir
Os meus deslizes
A minha loucura
O meu desejo
É a minha salvação
Chegar lá
Chegar até você
Conquistar
Sentir prazer
O meu delírio
A minha doçura
O meu sonho
É estar com você
Recomeçar de novo
Fazer do meu jeito
Ser o que sou
Fazer amor
Sem medo
Sem desengano
Sem ilusão
Não me leve a mal!
Se te abraço sem te ver
Se te quero sem querer
Se tudo o que faço
É pra ficar com você
Não entenda errado
Esse meu descaso
Mas no nosso caso
É preciso decidir
Você tem um prazo
(Tem que cumprir)
Falsas promessas e sentimentos tolos
Não me ganham mais
Estou sentindo que esse jogo
Não será de paz
Vou embora agora
Não sei se vou voltar
Se me quiser de volta
Vai ter que esperar
Ainda me perco nos braços dos meus amores

Mudanças
Vento incerto
Um beijo doce e suave
Com destino certo
Esperei que atravessasse
Todo o oceano
Sabia que o caminho era lento
Mesmo berrando; a voz grave
Do seu lábio ficou tão perto
Mas antes que chegasse
Levou um ano
Neste período, atento
Esperei sem entrave
Meu coração alarmou incerto
Antes mesmo que se aproximasse
Do meu amor puritano
Sem proferir o intento
Trouxe a chave
Sinal de um outro esperto
Que mais do que você pudesse
Disse-me: Eu te amo!
Fim de semana amoroso
Um jantar dos Deuses
Digno de glória
Esplendor
Amores
Gozo
Segue a manhã divina
Tão Ensolarada
Desejada
Amada
Ama
Um luar de esplendor
Dos amantes
Ardente
Geme
Ah!
Foi bom para você?
Foi bom para?
Foi bom?
Bom?
Foi?
Frase da semana!
"Você precisa
fazer aquilo
que pensa
que não é
capaz de fazer"
(Eleanor Roosevelt)
Mensagens
Escrevo porque gosto. Ponto. Se segue algum estilo ou se deixa de seguir algum padrão, eu não sei. E não me importo muito com regras. Acredito mesmo que muitas foram feitas para serem quebradas. E no caso da poesia, as palavras correm, saem tão por vontade própria que seria cruel submetê-las a rígidas regras...
Escrever é documentar
Registrar
Descrever sentimentos
É desabafar
Restringir aos versos
É rimar
Brincar com as palavras
É extravasar
Correr o lápis sem compromisso
É decifrar
Propositalmente
É declarar
Palavras de amor
É suspirar
Mensagem de amizade
É perpetuar
Escrever em prosa
Fábula, colóquio
Parábola ou poesia...
É transgredir
Apelo poético

Imagem retirada do site: http://www.ladjanebandeira.org/
Liberte-me desta moça
que me descreve em versos
fábulas, prosas e poesias
suspira ao imaginar
a minha face junto à dela
Liberte-a da solidão
faça-a encontrar um ser
tão real quanto eu sou ilusório
que corresponda com carícias
permaneça cordial a sua ingenuidade
(Momentos aos quais não posso presenteá-la)
Ah, se eu não viesse do papiro
tocaria levemente os seus lábios
beijaria a sua mão delicada
completaria o vácuo
desamparado neste pobre coração...
Por fim, ouça o apelo deste fragmento da natureza
explique a esta alma, por favor!
que as palavras têm sentimentos
mas este personagem (fruto da imaginação)
que invade os seus sonhos
nas noites frias e solitárias
existe apenas na tinta
que aos prantos percorrem o papel
borram com as lágrimas da jovem
que não sabe o que é amar...
Escrever o q? Pra quem?
Afinal,

E a partir do momento que expomos nossos pensamentos... deixamos à mostra a nossa alma, certo? Assim acredito eu.
Portanto, quero deixar registrado para você um pouco do que eu sou.
Mas quem sou eu?
Quem é você?
Vou usar Marina Lima pra responder: "Assim como eu, uma pessoa comum, mas filho de Deus. Nessa canoa furada, remando contra a maré. Não acredito em nada, não. Só não duvido da Fé"
Bjs e até a próxima!