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Máscaras


Olho no olho. Miro seu olhar...tão inexpressivo
Ansiando que o amor, assim, de repente, surja
Desça sobre nós como num passe de mágica
Mas a única coisa que cai é a máscara suja

Imagino que não deveria ser tão contraditório o amor
Nem paradoxalmente tão triste a arte de amar
Quando comparada as máscaras que caem da sua face
Tornando falsas até as lágrimas que teimam rolar

Pois quando o vejo, na minha frente, parado
Não há nada para ver além de marcas do passado
E uma máscara antiga, já de outros carnavais

E então me pego a pensar no seu gesto calado
E em tudo que em vão fora um dia pronunciado
Palavras, palavras...desperdiçadas em sonhos irreais

O livro e a moça

Escuto o soluçar triste e solitário
Procuro entender tamanha prece
Vejo os móveis da sala, um antiquário
A menina sentada, chorando, se esquece

Que meus olhos observam sem cessar
Quando tuas lágrimas em mim escorrem
Ainda assim insistes em não me notar
Não temas... Menina... As dores morrem

Passo tão perto e ainda assim não me vês
Estou na estante, nos livros que tu lês
No quadro pregado na parede da memória

Tão distante nossos corpos físicos estão
Mas nossas almas se unem na reencarnação
Eu, livro... Tu, moça. Eis a nossa história...

Status (o quê?) quo

Vives em sociedade
Na louca roda
Roda que gira
In (sanidade)
In (capacidade)
de digerir novas idéias
Progredir

Status quo
O quanto
trancafiado estás
em ignorância
Na taberna
dos insolentes
Sonolência

Status quo
Até quando
em busca viverás
(Ou morrerás)
Materializando matéria,
Vermes e
Matéria

Status quo
Onde estarás
Quando (finalmente)
descobrires
Quão hipócrita
E ilusionista
Status quo é

Sem tema, sem rima

Escrever sem tema
Procurar em vão
O labirinto de incertezas
Perambulando as palavras
Que tão certas estariam

Escrever sem rima
Tão sensato não seria
Se errada não estivesse
A áurea decadente
Dos sonhos vãos
Das mentes paralíticas

Escrever sem tema
Existir sem ser
Ou ser sem existir
Lógicas parecem insanas
Quando fácil é perceber
A difícil razão de viver

Escrever sem rima
Girar em torno de si
E no mundo perder-se
Entre letras que se desmancham
Caem no vácuo e se calam...

Reflexão: as mentes que pararam de sonhar são tão insensatas quanto a poetisa que escreve este poema sem tema e sem rima. É preciso ao menos uma razão para viver. Da mesma forma que somos seres gregários, dependemos uns dos outros para sobreviver. E para sobrevivermos em sociedade, precisamos aprender a usar as palavras de forma sensata. É preciso atenção ao dizer palavras que seriam certas se fossem coerentes.