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Inocência vampiresca

Inocência
Perdida, abandonada
(No vendaval de orgias)
Ainda assim nítida
Quando nos vitrais
Sagrados nas catedrais
És admirada

Inocência
Cobiçada pelo imortal
(Oh, Ser das Trevas!)
Atraído pelo vital
Doce, suculento e caliente
Sagrado sangue inocente
Tão carnal

Confio

Confio na sua capacidade de digerir mórbidas lembranças
No seu mau gosto para escolher o que mais combina comigo
Como se me conhecesse mais do que eu mesma
(e talvez seja isso mesmo)

Confio nas mentiras lançadas ao vento
Com a mais vã das verdades
Exposta no quadro da paixão
Onde ficam os restos mortais do nosso amor

Odeio

Odeio o jeito como tu me olhas
Fulminante, me devora
Odeio o quanto a tua saliva é doce
Inexplicavelmente mais saborosa
Odeio o teu perfume
Se fechar bem os olhos, ainda posso senti-lo
Odeio as tuas piadas
Como me fazem rir, até as mais sem graça
Odeio como é imperfeito
E ainda assim tão certo
Odeio como me faz chorar
E ainda assim, te amar!

Queimam

Queimam as roupas sujas, os móveis, as antiguidades presas no casulo das mentes insanas;
Queimam os gritos que o vento tratou de levar. Os ecos chegaram aos ouvidos daquele que não queria escutar;
Queimam as dores, o ódio, as lamúrias, os questionamentos sem respostas;
Queimam as mentiras, os sonhos, os sentimentos que a voz queria propagar;
Queimam faces cobertas de lama, as máscaras e todas as fantasias;
Queimam as poesias, as prosas, os livros encobertos de poeira na estante do pensar;
Queimam as plantações de sangue, os muros da separação, as sujeiras debaixo dos carpetes das casas...
Mas não queimam aquilo que não se vive sem, mas que ninguém sabe explicar: a tal arte de amar!