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Poema da insatisfação


Tenho fome, mas não apetece sair da cama
Tenho sede, mas um copo sequer irá saciar
Sinto frio, mas não tiro os pés da lama
Quero colo, mas este solo não irá me abrigar

Há solidão, mas um ombro amigo cairia bem
Vivo sonho, mas a realidade põe os pés no chão
Vivo festa, mas não convidei, não veio ninguém
Tenho sono, mas a insônia penetra no meu colchão

Em nauséas, mas a indigesta frieza me apavora
E as dores, mas os remédios que não curam
E tremores, mas as mãos que não mais seguram

Há alegria, mas o tormento que me devora
Ah, o amor, mas vejo a indiferença reinar
Eis a fome, a solidão e as náuseas no não amar

Relatos do fundo do poço


Eis que me encontro novamente
Na janela, debruçada
Em lágrimas, debulhada
Revirando temores da mente

Perversa! Humilha o pobre coração
Que já se encontra no fundo
No mais escuro e profundo
Poço... À espera da salvação

E em sua cruel e plena infinitude
Eu, ansiosa, aguardo a plenitude
De à superfície um dia retornar

Pois a dor, nada tão agonizante
Percorre o infinito num instante
Neste triste relato do não amar