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Ritmo musical

Nos acordes transcendentais
Nas vísceras rasgadas com o mais fino açoite
Nas acrobacias monumentais
Dos nossos corpos vagando... Nus pela noite

Nas melodias suaves e clichês
Que falam de amor. Oh, sublime indulgência!
Soam tal qual velho filme francês
O mais puro lirismo breve, clamando urgência...

Na voz escravizada dos anjos
A brasa sonora que abriga a delicada sinfonia
São os versos de doces arranjos
Que unem nossos corpos em perfeita harmonia

Enamorada das notas musicais
Ritmo, tempo... Sons e silêncio em perfeita sucessão
O timbre dos sussurros teatrais
Na arte das musas, o profundo suspiro finda a canção

Arte de amar

Até a neurociência
Tratou de explicar
Aquilo que os poetas
Teimam escrever e ousar

Afinal, quem nunca
Pôs-se a rascunhar
Sobre a tal arte de amar

Química, física, biologia
Até a filosofia quer explanar
E em meio a tantos blá blá blás
Ainda me perco na arte de amar

Ama-se por paixão? Intuição?
Ou ama-se simplesmente
Pela beleza da arte de amar...

Fome

E a menina, de fome chora
Chora em vão pela madrugada
Que massacra o dia inteiro
E cai a noite em desespero

Deslizes e desfaçatez, talvez
Infelicidade que ronda ligeira
E o povo, sem voz, sem vez
Na barriga, a fome sorrateira

"Disfarça com água e farinha
Embrulha o estômago com ar"
É só o que a mãe pode dizer

A menina faz aquela carinha
"Ar que falta até para respirar"
É só o que pode responder

Ilusão

Sim, digo que já tive uma ilusão
Tão rápido se foi, assim como veio
Só sei que no peito deixou um vão
No coração, espaço aberto, vazio

Ah, quisera estar tão cega de iludida
Como companheira teria a felicidade
Que traria o sorriso na face perdida
E de nada importar-me-ia a verdade

Se o sonho acalentado tão ferozmente
Seria vivido nas noites mais frias
E nos dias de nuvens entristecidas

Se o sonho acalentado tão alegremente
Deixar-me-ia lembranças de beijos ardentes
De dois corpos sedentos em noites calientes