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Manifesto do Silêncio

O silêncio: um grito ensurdecedor
Manifesta-se vivo no Universo
Ecoa no ar, ou na latente dor
Ecoa no infinito deste verso

Eis o silêncio em alto e bom som
Um diálogo sereno, feito para ouvir
Na sonoridade Universal do OM
Ou na imensidão do mar sentir

Pois no silêncio encontro a mim
Solidão? Solidez? Começo do fim?
Sim, do sofrimento que inquieta

Afinal, no silêncio estou a meditar
Na plenitude de aprender e ensinar
No manifesto da paz que aquieta


Considerações poéticas:
As expressões artísticas se mesclam, se misturam até o ponto em que não é possível saber mais o que é o que. Eis a mágica, a interligação e interdependência. Ex.: música = poema sonoro.
Pois a música a seguir, (ins)piração para escrever o que chamo de poema, mas pode não ser, nasceu de uma noite em que eu assistia ao filme Watchmen. Sound Of Silence faz parte da trilha:




Dá-me Paris!

Deus, salva a tarde enfadonha!
Com Edith Piaf. E jantares caros
Cigarros. Homens e seus carros
A ingenuidade sem-vergonha

Um porre, um amor de verdade
A juventude transviada! Amantes
Películas francesas, espumantes
Dá-me Paris de sedutora vaidade

Deus, envia minha alma à sorte
Oh! Carpe Diem... C'est la vie!
Embriaga-me em uma perfumerie
Ou desgraça-me a viver a morte


Oh, suplico! Livra-me! Livra-me
Da rotina e solidão... Sufocantes
Quero o som dos passos flutuantes
Da malícia. Dá-me Paris. Dá-me!




Complementação ou Observação pós poema:

Experiência não me fez sábia
Sabedoria não evitou os erros
Uma mulher vivendo os mesmos
Que até uma adolescente viveria

Revelações

Revelações intrinsecamente equacionadas
Entre parâmetros obtusos e protuberantes
Senão obstante... Muito pelo contrário!


Revelações sutis, intrinsecamente conectadas
Com o oculto do ser, e por incidência do destino
Essências em permanentes devaneios transformadas


Revelações que alastram todo o teor alcoólico
E intelectual, lançados na mesa do esquecer
Na esquina do ter, distante da pilastra do ser


Revelações que exalam o conhecimento e a perspicácia
Traduzem ideologias e utopias... Palavras tão díspares
Tão concomitantemente iguais. Indubitável clareza!


Revelações que desatinam sem doer, ardem sem se ver
Delineadas por Camões viram fogo ardente, calor
Revelações tão contrárias a si como o próprio amor

Aurora

Queria amar-te bem devagarinho
Sentindo os dedos entre os meus
Em ti, aconhegar-me de mansinho
Entreter-me com os carinhos teus

Sentar-me na varanda ao teu lado
Recatada como uma moça virgem
Ou atirada, nua sob o olhar safado
Num rio deleitar-me na margem

Mas causar-me-ia espanto agora
Se o singelo sonho da linda aurora
Repousasse lento sobre nós dois

Brisa de amor. Estrelas cairiam do céu
Não haveriam noites escuras ou fel
Mas, sim, dias com dois ou mais sóis