
Tenho fome, mas não apetece sair da cama
Tenho sede, mas um copo sequer irá saciar
Sinto frio, mas não tiro os pés da lama
Quero colo, mas este solo não irá me abrigar
Há solidão, mas um ombro amigo cairia bem
Vivo sonho, mas a realidade põe os pés no chão
Vivo festa, mas não convidei, não veio ninguém
Tenho sono, mas a insônia penetra no meu colchão
Em nauséas, mas a indigesta frieza me apavora
E as dores, mas os remédios que não curam
E tremores, mas as mãos que não mais seguram
Há alegria, mas o tormento que me devora
Ah, o amor, mas vejo a indiferença reinar
Eis a fome, a solidão e as náuseas no não amar