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Inspiração

Há meses que nada escrevo

Procurando-a pelos cantos

Carente de seus doces afagos

Onde estará a astuta criação?

Onde estará a inspiração?


Hoje sou péssima companhia

Até mesmo para mim mesma

Vasculhando pontos sombrios

Procurando uma solução

Onde estará a inspiração?


Estaria ela por acaso também

Tentando de um jeito assim

Encontrar-me perdida em mim

Caminhando, só na multidão

Onde estará a inspiração?


Se me debulho nas lágrimas

Remoendo passados e sonhos

Talvez ela me veja, desnuda

Absorta em pensamentos vãos

E diga: estou em seu coração

A morte da mulher tola

Ophelia (1851) - John Everett Millais

Existe uma mulher demasiado idiota vivendo em mim
Ou eu mato ela
Ou ela me mata!


Sim, eu tinha que matá-la
Não poderia mulher tão estúpida
Ocupar o mesmo habitat
Sim, eu tinha que matá-la
(Era eu ou ela)

Para duas não havia espaço
Nem cabiam mais idiotices
Amores puritanos aos pedaços
Um amontoado de tolices

O acelerar do coração fútil
E outras babaquices sem fim
Da hóspede insana e inútil
Estulta! A viver dentro de mim

Não, sequer havia sentido
No antro da burrice guardá-la
Junto a sonhos bobos perdidos
Sim, eu tinha que matá-la
(Era eu ou eu)

500 milhas

500 milhas para a liberdade
Em unísono, um grito
De (in) sanidade
Do que não foi dito

Ao vento será levado
Bem longe, perdido
Das terras minhas
Longe de ti, 500 milhas

E quando o apito soar
Saberá que parti
Estarei 500 milhas ‘so far’
Não esperarei por ti

Mas o amor deixarei
Quem sabe, um dia
De volta eu o terei
500 milhas de alegria


Fonte de (ins) piração:

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Poema da insatisfação


Tenho fome, mas não apetece sair da cama
Tenho sede, mas um copo sequer irá saciar
Sinto frio, mas não tiro os pés da lama
Quero colo, mas este solo não irá me abrigar

Há solidão, mas um ombro amigo cairia bem
Vivo sonho, mas a realidade põe os pés no chão
Vivo festa, mas não convidei, não veio ninguém
Tenho sono, mas a insônia penetra no meu colchão

Em nauséas, mas a indigesta frieza me apavora
E as dores, mas os remédios que não curam
E tremores, mas as mãos que não mais seguram

Há alegria, mas o tormento que me devora
Ah, o amor, mas vejo a indiferença reinar
Eis a fome, a solidão e as náuseas no não amar

Relatos do fundo do poço


Eis que me encontro novamente
Na janela, debruçada
Em lágrimas, debulhada
Revirando temores da mente

Perversa! Humilha o pobre coração
Que já se encontra no fundo
No mais escuro e profundo
Poço... À espera da salvação

E em sua cruel e plena infinitude
Eu, ansiosa, aguardo a plenitude
De à superfície um dia retornar

Pois a dor, nada tão agonizante
Percorre o infinito num instante
Neste triste relato do não amar

Lágrimas na janela


Esta noite sentei-me sobre a janela
A brisa batia suavemente em meu rosto
No criado-mudo, queimava a vela
Refletindo as lágrimas, amargo gosto

Imaginei ter visto o seu sorriso; o céu
Pedindo que me jogasse em seus braços
Implorei q tocasse os meus lábios de mel
Mas o choro derramou os meus fracassos

Mas quem disse que chorar é ser fraco
Engana-se, nada pode ser mais franco
Do que ao mundo revelar sentimentos

E tal percepção impediu-me de alto voar
E na janela do quarto fiquei a contemplar
O mais alto dos vôos: os bravos momentos